
A Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), por meio da Coordenadoria de Desenvolvimento da Agroecologia dos Povos de Campo das Águas e das Florestas (CODEA), apresentou dois relatos de experiência técnica durante o Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA), 15 a 18 de outubro, em Juazeiro da Bahia.
Os trabalhos compartilham práticas e aprendizados desenvolvidos junto a comunidades indígenas e quilombolas do Ceará e destacam o papel da agroecologia na promoção da autonomia, valorização cultural e fortalecimento de saberes tradicionais desses povos.
O primeiro relato, intitulado “Projeto Yby Jurema – Fortalecimento de territorialidades indígenas no Ceará”, realizado por Áricles Fernandes, Maria Valdelice, Francisco Rigoberto, Elano José Rocha e Guilermo Gamarra, apresenta ações executadas em 23 aldeias indígenas, com experiências produtivas em avicultura, turismo comunitário, artesanato, sistemas agroflorestais, cultivo de plantas medicinais e meliponicultura. O projeto promove a transição agroecológica e a adoção de práticas sustentáveis alinhadas aos princípios do Bem Viver, respeitando o modo de vida e os conhecimentos ancestrais dos povos indígenas.

Entre as experiências relatadas estão o artesanato desenvolvido pelo povo Tabajara, a criação de galinha caipira nas aldeias de Mambira e Realejo e o fortalecimento do protagonismo das mulheres indígenas. As ações têm contribuído para o aumento da renda, integração entre aldeias e valorização de práticas tradicionais.
O segundo trabalho, “A Mulher Quilombola: Produção Material e Imaterial no Quilombo Serra dos Mulatos”, realizado por Maria Valdelice, Áricles Fernandes, Francisca Selma, Viviany Maria e Nathana Vênancio, retrata a experiência de acompanhamento técnico realizado pela equipe da CODEA junto às mulheres do quilombo localizado em Jardim (CE). Por meio de oficinas e rodas de conversa, foi possível mapear e valorizar as produções materiais como o extrativismo do pequi e da faveira, fabricação de doces, artesanato e cultivo agrícola e imateriais, relacionadas aos cuidados com a família, espiritualidade, convivência e preservação ambiental.

As ações reforçam o papel das mulheres quilombolas na manutenção da vida e da cultura, inserindo-as no espaço público e fortalecendo a economia local por meio de práticas agroecológicas. Com a apresentação desses relatos, a SDA reafirma seu compromisso com o fortalecimento da agroecologia, do Bem Viver e da valorização das identidades dos povos e comunidades tradicionais do Ceará.